quarta-feira, 18 de março de 2015

UMA PEQUENA RESERVA NO SERTÃO






Essa pequena reserva ambiental não é do governo muito menos de ONGs, ela fica aqui no Alto dos Bezerras município de São José de Princesa-PB. Aqui se encontra animais de pequeno porte como o teiú, a raposa, cobras como a temida cascavel, muitos pássaros como a gangarra, cancão, azulão, grande variedade de rolinhas, sibitos e outros mais. Temos também abelhas italianas e africanas, além de outros animais de porte menores. Quando chove as lages formando grandes caldeirões ficam cheios e a bebidas dos pássaros e animais fica bem mais fácil. É uma propriedade particular pertencente a família do agricultor e saudoso Edilson Bezerra, que estar sendo monitorada por seu filho Rena Bezerra biólogo que não quis partir de seu sertão para grandes centros como Maranhão, Goiás ou até mesmo o Norte do país para trabalhar no que foi formado, preferiu ficar por aqui junto de sua família e cuidar com todo sacrifício e zelo desse pequeno paraíso ambiental. Apesar dos ataques diários dos caçadores ele vem  tentando conscientizar a todos que preservem e cuidem da mãe natureza. Ele hoje recebe o apoio da polícia militar da Paraíba para combater a invasão dos intrusos que querem destruir o que Deus deixou para ser contemplado.

domingo, 15 de março de 2015

Roça no sertão a esperar pelas águas de março.

 Mês de março é o mais esperado pelo sertanejo que tem fé, além de ser um mês favorável as chuvas é o mês do santo querido o senhor São José. O sertão que já vem no quarto ano consecutivo amargando as estiagens que afetam desde o campo até as cidades, espera desesperadamente pelas águas de março para que as pequenas plantações que foram feitas oriundas das chuvas que caíram em janeiro e fevereiro não estorriquem no sol escaldante que já de manhã abre por aqui com uma voracidade de quem quer deixar tudo num pretume só. Esperamos que as chuvas venham o mais rápido possível, pois precisamos ter um bom inverno para encher nossos reservatórios, ter uma boa safra e segurar o homem do campo por aqui, sem ter que ele partir pro sudeste do país para cortar cana e colher café, ficando longe de sua terra e de sua família por longos meses. só Deus com sua infinita bondade tem piedade de todos nós.

terça-feira, 10 de março de 2015

Literatura de Cordel

Adquira o seu por apenas 5,00 R$


O MORTO QUE NÃO MORREU

I
Outro dia nas caatingas
Nordestinas do sertão,
Um homem já muito velho
Doente do coração,
Deixou viúva uma senhora
E um filho que muito chora
Essa perca sem razão.

II
Quando a morte vem chegando
Não escolhe cara ou cor,
Pode ser velho ou novo
Envolvido de amor,
Deus chama pra vida eterna
Livrando dessa taberna
Seu filho que é sofredor.

III
Esse caso que comento
É triste mais engraçado,
O velhinho que morreu
Precisa ser enterrado,
No meio da confusão
Gritaram: - falta o caixão
Que precisa ser comprado.

IV
O sítio era muito longe
Bem distante da cidade,
A família pobrezinha
Só tinha muita bondade,
O filho na apreensão
Diz: -ô mãe, esse caixão
Quem vai comprar é compadre.

V
O compadre era bem quisto
E o rico da região,
Tinha gado e muita terra
Possuía um caminhão,
E disse: -deixe comadre
Que eu vou avisar o padre
E comprar esse caixão.

VI
Já era de tardezinha
Quando o caminhão partiu,
Em toda velocidade
Que a poerama cobriu,
Enquanto os outros ficaram
Três vezes os terço rezaram
E o céu de azul se vestiu.

VII
O compadre da família
Na cidade foi chegando,
Era um lugarzinho pequeno
E o povo foi perguntando:
-você hoje endoideceu?
O que foi que aconteceu
Lá pro lado de seu bando?

VIII
O compadre sem demora
Fala trêmulo, murmurando:
-foi um homem que morreu
E o povo tão me esperando,
Só vim comprar o caixão
E volto em cima da mão
Com Zé Preto no comando.

IX
Zé Preto era o motorista
Do compadre João Costela,
Um toreco baixo e grosso
Da cor de fundo de panela,
Um cabra de decisão
Que as matas do sertão
Precisa pra dentro delas.

X
Encontraram a tal da casa
Onde vendia o caixão,
Pagaram na mesma hora
Não foi compra a prestação,
Os dois travaram um galope
E enfiaram o envelope
Em cima do caminhão.

XI
Tava tudo resolvido
E partiram em direção,
Na cabine só ia os dois
E em cima só o caixão,
Quando um homem bem na frente
Levanta a mão de repente
Pra parar o caminhão.

XII
Ele subiu bem depressa
E falou pra onde ia,
O tempo foi se fechando
Um sereno fino caía,
A chuva foi aumentando
E o homem se agoniando
Sem saber pra onde corria.

XIII
E ele sem perder tempo
Foi pra dentro do caixão,
A chuva foi castigando
Alegrando esse sertão,
Com uns dez minutos passou
Mais o cabra cochilou
Roncando como um trovão.

XIV
O caminhão prosseguia
Bem no meio da estrada,
Aqui, ali um passageiro
Dando a mão pra ter parada,
Eu só sei que de repente
O carro tinha tanta gente
Que faltava até bancada.

XV
Quando foi com uma meia hora
Que o carro ia rodando,
O caixão ia no meio
E o povo todo olhando,
O cabra ainda tava lá
Dormindo que só guará
Quando fica namorando.

XVI
Veja bem meus companheiros
O que foi que aconteceu,
O cabra que tava dentro
Do caixão estremeceu,
O povo ficou olhando
E ao mesmo tempo pensando
Que foi um catabí que deu.

XVII
Mais na verdade foi o homem
Que no caixão cochilou,
Quando viu que tinha dormido
O cabra se assustou,
A tampa foi levantando
E o cabra foi perguntando:
-o sereno já passou?

XVIII
Foi aquele reboliço
Em cima do caminhão,
O povo todo gritando
Na maior agitação,
Só via gente pulando
E o cabra se levantando
De dentro desse caixão.

XIX
Eu só sei que meu amigo
Era feio o destampido,
Cabra de perna quebrada
Outros sem o pé duvido,
E aquela multidão
Pulava do caminhão
No chão ficando estendido.

XX
Zé Preto o motorista
Olhou no retrovisor,
O povo todo no chão
Numa cena de horror,
Foi parando o caminhão
Pra saber que assombração
Causara grande terror.

XXI
Os que escaparam são
Contaram o que sucedeu,
Zé Preto e seu João Costela
Quiseram rir mais não deu,
Pois com o povo ensangüentado
Não era nada engraçado
Rir do que aconteceu.

XXII
Pra terminar esse fato
Numa boa gargalhada,
O caixão quando foi chegar
Já era de madrugada,
E o velho que tinha morrido
Tava lá envivecido
Sofreu somente uma parada.

XXIII
E pra festejar o reingresso
Do morto que enviveceu,
Ascenderam o lampião
A sanfona estremeceu,
O “véi” pulava que nem mola
E o forró comeu de esmola
Até que o dia amanheceu.

Autor; poeta cordelista
Rena Bezerra

São José de Princesa - PB