LÁ NO SUL CHOVE DEMAIS
E NO SERTÃO NÃO CHOVE
NADA!
I
A seca traz a miséria
Deixa o pobre por um
triz
O povo todo infeliz
Pois a situação é
séria.
O governo com pilhéria
Não vê que a fome é
malvada
A fartura é demorada
O Nordeste não tem
paz,
Lá no sul chove
demais
E no sertão não chove
nada.
II
O nordestino é
sofredor
Por manobras do
destino
Retirante e peregrino
Combatente e lutador.
No peito guarda uma
dor
Por ver a terra
humilhada
Maltratada e
massacrada
Por essa seca voraz,
Lá no sul chove
demais
E no sertão não chove
nada.
III
Quando começa janeiro
Que inicia a trovoada
Se alegra a passarada
Entre um rápido nevoeiro.
Os meninos no
terreiro
Fazem aquela presepada
O pai ajeita a enxada
E a chuva diz até
mais,
Lá no sul chove
demais
E no sertão não chove
nada.
IV
O céu ta limpo, ta
são
E o sertanejo abatido
Vê um cinzeiro
cumprido
Fechando todo sertão.
Lhe aperta o coração
Não vê a terra
molhada
A seca vem enfezada
Devorando os animais,
Lá no sul chove
demais
E no sertão não chove
nada.
V
A esperança vai
embora
Trovejou mas não
choveu
O nordeste emudeceu
‘Vamo’ esperar outra
aurora.
A tristeza logo flora
Nessa gente
massacrada
Vão viver escravizada
Sem reformas sociais,
Lá no sul chove
demais
E no sertão não chove
nada.
VI
O nordeste se
aperreia
Com a seca devastante
O sul num triste
semblante
Sofre com a grande
cheia.
Dois fatores
contrasteia
Numa tristeza
igualada
A dor anda amigada
Com os fatores
naturais,
Na sul chove demais
E no sertão não chove
nada.
VII
Eu só sei que o
nordestino
Como o sulista é
igual
No sofrer e no
arsenal
De surpresas do
destino.
Viverão sem desatino
Sem saber o que lhe
aguarda
Se é seca ou
enxurrada
As tristezas são
iguais,
Lá no sul chove
demais
E no sertão não chove
nada.
Poeta;
Rena Bezerra