sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

TERÁ SIDO IRONIA DO DESTINO???

Aproximadamente a uns 15 anos atrás eu escrevi esses versos falando da nossa calamidade aqui no sertão e das grandes cheias que davam constantemente na região Sudeste e Sul do país. Anos passados e hoje a gente ver daqui do Nordeste a falta de água nas grandes cidades brasileiras, como é o caso de São Paulo, antes a terra da garoa e do Rio de Janeiro a cidade maravilhosa que pros cariocas tanto faz ter água potável ou não o rio vai continuar lindo, la pode até faltar água nas torneiras, só não pode faltar praia. Eis aí os versos;

LÁ NO SUL CHOVE DEMAIS
E NO SERTÃO NÃO CHOVE NADA!

I
A seca traz a miséria
Deixa o pobre por um triz
O povo todo infeliz
Pois a situação é séria.
O governo com pilhéria
Não vê que a fome é malvada
A fartura é demorada
O Nordeste não tem paz,
Lá no sul chove demais
E no sertão não chove nada.

II
O nordestino é sofredor
Por manobras do destino
Retirante e peregrino
Combatente e lutador.
No peito guarda uma dor
Por ver a terra humilhada
Maltratada e massacrada
Por essa seca voraz,
Lá no sul chove demais
E no sertão não chove nada.

III
Quando começa janeiro
Que inicia a trovoada
Se alegra a passarada
Entre um rápido nevoeiro.
Os meninos no terreiro
Fazem aquela presepada
O pai ajeita a enxada
E a chuva diz até mais,
Lá no sul chove demais
E no sertão não chove nada.

IV
O céu ta limpo, ta são
E o sertanejo abatido
Vê um cinzeiro cumprido
Fechando todo sertão.
Lhe aperta o coração
Não vê a terra molhada
A seca vem enfezada
Devorando os animais,
Lá no sul chove demais
E no sertão não chove nada.

V
A esperança vai embora
Trovejou mas não choveu
O nordeste emudeceu
‘Vamo’ esperar outra aurora.
A tristeza logo flora
Nessa gente massacrada
Vão viver escravizada
Sem reformas sociais,
Lá no sul chove demais
E no sertão não chove nada.

VI
O nordeste se aperreia
Com a seca devastante
O sul num triste semblante
Sofre com a grande cheia.
Dois fatores contrasteia
Numa tristeza igualada
A dor anda amigada
Com os fatores naturais,
Na sul chove demais
E no sertão não chove nada.

VII
Eu só sei que o nordestino
Como o sulista é igual
No sofrer e no arsenal
De surpresas do destino.
Viverão sem desatino
Sem saber o que lhe aguarda
Se é seca ou enxurrada
As tristezas são iguais,
Lá no sul chove demais
E no sertão não chove nada.

Poeta;
Rena Bezerra

Nenhum comentário:

Postar um comentário