sábado, 23 de maio de 2015

ESPAÇO DA POESIA!



MEU SERTÃO, MEU GRANDE AMOR.

I
Tem sonhos que nunca morrem
meninos que brincam e correm
no chão de barro batido
tem um banco bem comprido
que cabe todos de casa
tem carne assada na brasa
e um mocotó bem cozido.

II
Tem menino com fartura
carne seca e rapadura
têm sortimento e amor
tem uma cabocla na flor
que toda hora se atiça
se alegra e se enfeitiça
em baixo do cobertor.

III
Tem cana boa guardada
um 'borná', uma espingarda
um velho rádio ABC
tem folhetim pra se lê
dum cordelista afamado
e no portal pendurado
uma cruz pra se benzer.

IV
Tem na varanda uma rede
e enfeitando a parede
os santos de devoção
tem mesinha de oração
coberta de fita e vela
e enfeitando a janela
um pé de manjericão.

V
Tem cabide e tem tripé
tem 'caritó' e 'atajé'
silo, cabaça e enxada
uma corda na latada
pra pendurar o 'toicim'
e um tacho com 'alfinim'
pra dar para a meninada.

VI
Á noite tem uma roda
de cordel, de prosa e moda
ainda hoje se cultua
no iluminado da lua
tem namoro e tem encontro
cachaça que deixa tonto
e morena de 'costanua'.

VII
Sem desdenhar as demais
nem querer passar pra trás
famílias do mundo inteiro
é que aqui tem um cheiro
um calor, uma sensação
que mostra que no sertão
o amor é verdadeiro.

VIII
Por aqui se usa bença
obrigado, com licença
uma boa noite e bom dia
também tem a companhia
do vizinho, do amigo
que não faz nenhum perigo
lhe conceder estadia.

IX
O abraço daqui é puro
é inocente e seguro
da pra sentir o calor
no sertão. Caro senhor,
pode até ter amargura,
mais aqui tem de fartura
amizade e muito amor.

Rena Bezerra 

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